Escolarizados no desemprego em Moçambique: de quem é a culpa?

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Escolarizados no desempredo: de quem é a culpa?

  • Nos últimos tempos, tem sido frequente jovens com ensino superior ficarem desempregados por muito tempo, este fato, inquieta muitas pessoas, se por um lado a quem acredita que formação é sinónimo de emprego, por outro, encontramos graduados a enfrentar sérias dificuldades para o acesso ao primeiro emprego.

Este fato se revela um pouco em toda parte, para elucidar alguns exemplos, entrevistamos uma docente renomada em universidades portuguesas, que relatou que " atualmente jovens licenciados trabalham em cafés, é uma batalha a procura de emprego, o mais triste é que os empregadores nalguns casos exploram os nossos jovens (...) fazendo-lhes trabalhar horas acima do normal..." (sic.).
Sobre a mesma temática o programa "Grande Plano" da STV numa das suas reportagens mostrara um jovem licenciado em Antropologia e a trabalhar como personal trainer, para além dos muitos outros que continuam desempregados e outras a trabalharem como empregadas domésticas.

Quando se fala em desemprego, as opiniões são controvérsias, se em parte encontramos pessoas que atribuem a culpa ao governo particularmente ao Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, por outra acompanhamos discursos de culpabilização dos próprios desempregados, jovens. As alegações incidem sobre os discursos como "os jovens não devem esperar que o governo lhes dê emprego, devem criar seu próprio emprego, devem ser empreendedores" (sic.)

Autoemprego: um dom ou um aprendizado?
A problemática do desemprego, preocupa muitas sociedades, uma vez que esta situação gera uma exclusão social e como refere Isabel Dias (1998) condena os jovens a serem eternos dependentes dos seus pais. O que gera frustração não só para estes últimos mas e sobretudo para as vítimas de desemprego, como revelou o AMAVconselhos (2017) num dos seus primeiros artigos. Estes jovens acabam sendo vítimas de muitos outros fenómenos tais como: o álcool, as drogas, a prostituição a criminalidade, etc.

Se se considerar que o autoemprego é um dom, ter-se-ia que concordar que todo dom precisa ser aperfeiçoado, e para quem não o possui, usando a maiêutica Socrática, valorizar-se-ia o ensinamento, enquanto caminho para que o indivíduo desperte em si o que estava adormecido,  tal como Kant referiu que Hume lhe fez despertar do sonho dogmático, através do ensino, do que é ser empreendedor, como criar um autoemprego capacitar-se-iam jovens para lutar contra o desemprego. 

É frequente acompanhar indignações de falta de oportunidades para estágios que permitam ter um contacto com a realidade no terreno e que possibilite que os jovens tenham experiência, sendo que a maior parte das poucas vagas que são divulgadas exigem experiência na função.  Não estamos a falar de estágios remuneráveis, estamos a falar de um trabalho para a capacitação dos jovens para o mercado profissional, para a criação do autoemprego. Em espaços europeus, têm programas de voluntariados, estágios extracurriculares, entre outras formas de capacitação e de empoderamento dos jovens.

A culpa é do governo?
Em situações de aflição como a do desemprego é recorrente se buscar a resposta mas próxima, levando toda a culpa para o governo, mas a verdade é que trata-se de todo um sistema que está doentio, como explanou o doutorando Óscar (2017) em umas das entrevistas "podemos culpar o governo, mas o que não analisámos é que fazem parte deste problema os doadores internacionais, que determinam prazos para que os Estados tirem tantos licenciados (...), os partidos que governam porque não querem intelectuais, pois sabem que serão sua maior ameaça, por isso o sistema de educação tende a reproduzir servos, formados sem a capacidade de crítica..." (sic.)

Não queremos com isso desresponsabilizar os jovens formados vítimas de desemprego, pois, entendemos que devem por seu turno lutar para serem autónomos, não esperar somente que o governo lhes dê emprego, os jovens devem despertar para uma consciência do autoemprego, e isso passa por valorizar a si mesmo, as relações a volta e por conseguir conquistar novas relações que lhes facilite ideias, ou aperfeiçoamento de ideias. Pensar, e se eu pudesse investir em empreendedorismo em que área seria? Daí começar a pensar nas pessoas que precisaria para que tal se efetivasse, um pequeno negócio pode mudar o mundo e salvar gerações.

Quanto ao governo, não pode se cingir em proferir discursos como "os jovens devem criar seu próprio emprego" deve porém estudar, melhorar e implementar estratégias que visem a diminuição do desemprego, desde a abertura em acolher e apadrinhar iniciativas dos jovens para o desenvolvimento social, passando pelos programas (nacionais e internacionais) de estágios e voluntariados até a criação de centros de qualificação e empregos.


#AMAVconselhos

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